Este mês é dedicado a campanha de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, que desde de 2014 vem sendo organizado nacionalmente pela Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de suicídios a cada 100 mil habitantes aumentou 7% no Brasil, ao contrário do índice mundial, que caiu 9,8%, Neste mês, em que participamos da campanha Setembro Amarelo, os dados apontam o quanto ainda precisamos dar atenção ao tema.
Por isso vamos tratar neste mês sobre o compromisso que a Gestão de Pessoas e o Ambiente Organizacional têm quanto a saúde emocional de suas pessoas. Vamos começar pelas Lideranças?
Líder você pode influenciar na saúde mental de sua equipe, positiva ou negativamente
O ponto mais abordado quanto à saúde mental dos profissionais é a Motivação no ambiente de trabalho, mas pontos como estresse, ansiedade, depressão, traumas, esgotamento e frustração podem somar para um quadro grave, levando ao extremo de suicídio.
Líder o que você tem feito pela saúde mental de seus liderados?
– Estilo de Gestão:
São muitos os aspectos onde o Líder pode influenciar seu liderado, mas principalmente quanto ao seu estilo de gestão. Situações onde o estilo é autoritarista e centralizador, onde é baixa a autonomia e as possibilidades de criação por parte do liderado. Geralmente existindo uma alta pressão sobre o profissional e desmotivação para realização de suas tarefas, além de um ambiente de altos níveis de stress e esgotamento mental.
Este estilo de liderança não é mais considerado apropriado para a geração de profissionais atuantes no momento, onde a busca por funções mais flexíveis, autônomas e com uma relação de gestão mais horizontal.
– Planejamento e delegação:
Outro ponto relacionado a forma de gestão do líder, que normalmente acontece com gestores que ainda não desenvolveram seus skills de planejamento e delegação, são situações onde o líder cobra grande quantidade de funções e entregas de suas equipes, afetando as outras funções e vivências das pessoas. Alguns entram num estado de estafa mental, Síndrome deBurnout (esgotamento) e outras complicações de saúde física e mental.
O líder precisa se posicionar e criar um planejamento adequado, envolvendo seu liderado durante o processo, distribuindo atividades com prazos e entregas adequados ao conhecimento, função e disposição de cada profissional, evitando sobrecarga ou disfunção de atividade.
– Transparência e gestão de riscos.
Um outro ponto a ser comentado, são as situações onde o liderado se sente na obrigação de manter uma imagem de “perfeição” e felicidade a todo momento, mesmo passando por situações difíceis em sua vida profissional ou pessoal. Isso se dá quando o líder costuma ter essa postura, de uma vida sem problemas ou falhas, ou a forma com a qual ele trata as situações de baixo desempenho ou falhas dos liderados.
Os líderes precisam ser realistas quanto aos riscos que podem ocorrer durante o desenvolvimento de uma determinada tarefa, transparentes quanto a sua expectativa em relação a ação do profissional e éticos quanto a tratativa de situações de desvio.
– Escuta ativa e empática:
É de responsabilidade dos líderes, estarem atentos a situações de preconceito, bullying ou discriminação no ambiente de trabalho. Além da garantia de um ambiente acolhedor, que faça o profissional se sentir parte.
Situações onde os profissionais não se sentem confiantes, amparados ou ouvidos por seu líder quando precisam desabafar ou compartilhar sofrimentos, trazem o sentimento de abandono por parte dele.
É de extrema importância a construção de uma relação de confiança entre líder e liderado, estar sempre aberto a ouvir de forma empática seu liderado e a manutenção de um ambiente que combate situações de constrangimento é uma obrigação do líder em relação a suas pessoas.
E como liderar profissionais depressivos?
Embora você como líder tome todas as ações ao seu alcance para evitar a influência negativa sobre a saúde mental de seus liderados, existem interferências fora da organização que podem levar o indivíduo a depressão. Por isso é muito importante que você saiba como liderar profissionais que estejam nesta situação.
A depressão traz sintomas como tristeza, desânimo, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade, falta de interesse entre outros. Se houver pessoas em sua equipe passando por essa situação, você pode ter dificuldade na relação com elas. Porém negligenciar estas situações, pode trazer consequências para você, para o profissional e para equipe.
Algumas das ações que você, como líder, pode tomar para evitar situações negativas e até ajudar o liderado na superação da doença:
1 – Estar atento as suas pessoas e reconhecer uma pessoa deprimida: você deve se preocupar quando o liderado parece não se importar mais com nada, perde o interesse com novos desafios e projetos ou frequentemente se isola e evita atividades com os demais. Parece estar sempre triste, irritado, mal-humorado, cansado ou se queixando frequentemente de dores. Ou ainda demonstrar-se indecisa, desorganizada ou apática.
2 – Esteja aberto ou chame a pessoa para conversar: pessoas que estão passando por este processo costumam ficar inseguras em falar sobre isso no ambiente de trabalho, mas ignorar a situação é ainda pior. Chame a pessoa para conversar, mas evite expô-la. Mostre que você se importa com ela, seja um ouvinte compassivo e evite dar conselhos.
3 – Encoraje a pessoa a procurar ajuda: você não pode controlar a recuperação, mas pode incentivá-la e encorajá-la a procurar ajuda. A depressão roupa a energia e a motivação da pessoa, você deve ajudar o seu liderado a ter consciência do problema e ver que ele pode ser resolvido. Apoie ele a marcar a primeira consulta como se fosse parte do seu trabalho.
4 – Apoie seu liderado durante o tratamento: é preciso dar apoio durante todo o processo de tratamento, por isso ajude-o a marcar e manter os seus compromissos. Não cobre resultados rápidos de uma pessoa deprimida, tenha consciência que o progresso é lento.
5 – Ajude a organizar o seu trabalho: Você deve incentivá-lo a organizar sua rotina de trabalho e priorizar suas tarefas. Definir metas SMART de curto prazo, pode ajudá-lo a manter a concentração e execução das tarefas.
Os líderes são referência nas vidas de seus liderados, por isso nós líderes precisamos entender nosso papel de influência e usá-lo de forma positiva para mudar essa realidade. Esteja sempre atento e aberto a apoiar seus liderados, lembre-se que “Falar sobre é a melhor solução”.
